Como foste nessa de chamar Erica à tua menina?
Dissertações várias sobre a rainha Erykah Badu, para fazer companhia ao Carter ali em baixo. Post I
O Hip-hop está em todo o lado, pensa-se. Mas o verdadeiro hip-hop perdeu-se no caminho, entre toques de telemóvel, videoclips exagerados e dinheiro a mais. Ficam restícios daquilo que foi uma era dourada para as vozes e ritmos da nova geração de cultura americana. Badu agora é apelidada de Diva da Nu-Soul, ao lado de India.Arie (ficam bem acompanhadas, não há dúvida). Mas a texana nascida Erica deu tanto mais à cultura musical afro-americana que é pena metê-la na prateleira com um simples rótulo limitativo. Nasceu do hip-hop, do cru ritmo balbuciado nas ruas, mas do hip-hop do amor. Daquele que fala das coisas boas da vida, e da luta também, mas da luta que acaba bem e que faz nascer novas razões para viver num mundo dominado por brancos. Assinou pela Mowtown e rapidamente criou um mundo próprio de intervenção sonora, rasgou o conceito de rapper suburbano e aterrou num misto de soul, de jazz, de bluesinho bom, de RnB para mexer os quadris, onde as mulheres são deusas e merecem beijos carinhosos no pescoço.
O seu primeiro album, Baduizm, é uma viagem a esse mundo. Pouco hip-hop, muita soul. On and On, o seu primeiro single, lembra uma Billie Holliday a cantar para amigos, renascida das cinzas e com muito para dar ao mundo. E é essa voz de Badu, essa voz de menina gata que transporta experiência e sensualidade que me fascina, talvez também pela tal lembrança de uma Holliday que já não existe.
Baduizm live é talvez melhor ainda que o original, começando com um So What (do albúm Kind of Blue de Miles Davis) entoado pelas back up singers (e que singers, meu deus) e com uma qualidade de gravação estonteante. Badu seguiu depois para uma linha mais Roots e experimentalista, usando samples e instrumentos exóticos num groove sem fim em Mamma's Gun.As letras dão uma volta completa, On and On é usado como sample de sentido torcido, dá mais power às mulheres e assume o que consome (use me don't abuse me baby, co's these herbs are rare) e o nonsense de "My Eyes are Green Co's I eat A Lot Of Vegetables" quase que nos distrai da qualidade musical da canção.
Depois de colaborações várias com artistas do RnB como D'Angelo, the Roots e Macy Gray volta agora com um presente para os fãs ansiosos, cheio de convidados como Queen Latifah, Angie Stone, Lenny Kravitz etc. Worldwide underground é um regresso às origens puro e duro. Hip-hop como é preciso, onde é preciso e na altura em que é preciso. Fala da marijuana como Billie faria, back in the days when things were cool, all we needed was puff puff...A própria Erykah diz que não considera ser um album. É um trabalho, que resolveu lançar para os fãs, feito em estúdios amigos com ideias que estavam na manga. E não tem pretensões de o ser, é uma deliciazinha, tipo gelado de limão entre dois pratos pincipais. mas enche-me as medidas. Porque não há voz no panorama actual mais doce, mais perfeita, mais abrangente e mais pessoal que a dela. Posso dizer que a mim me toca especialmente por me caber num cantinho pequenino que tenho de adoração por boas vozes femininas que me levam a sonhar chegar mais alto. E sei que quando interpretar uma musica da minha deusa serei feliz.
Aqui podem ouvir as musicas de worldwide underground à vontade.
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