Putos da Banda

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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O senhor Sousa, a marcha militar e o Jazz



Muitos de nós, que frequentam o blog e que o vêm cá visitar, já vimos de certeza inúmeros episódios da série Monthy Python's Flying Circus. Hoje em dia podemos, inclusivamente ter no nosso telemóvel o toque musical igual à música do genérico (quem não admirará os progressos deste século?!) O que poucos de nós sabemos é que a dita música foi composta por um ilustre Luso-Americano chamado John Phillip Sousa. Tivesse sido esse o único sucesso de Sousa já veleria de certo um post. Mas a verdade é que John Phillip Sousa além de compositor, e o mais notório compositor de marchas militares do mundo, já agora, foi também um inventor. E com a sua invenção revolucionou o mundo das marchas militares e, por consequência, da música em geral.

Na Altura, finais do séc. XIX, pouco mais havia a ajudar a festa que músicas de marcha militar, e o "americanismo" estava no seu apogeu, tendo sousa composto inclusivamente a conhecida marcha Stars and Stripes Forever (podem ouvir aqui a gravação original feita pelo próprio Thomas Edison). John Phillip Sousa rapidamente entendeu a necessidade de uma banda Militar ter mobilidade e facilidade de tocar em qualquer lado. A Tuba, instrumento muito usado nas bandas da altura, era pesada, disfuncional e muito difícil de transportar e de tocar em pé. John Phillip desenvolveu então o Sousafone, cuja forma permitia envolver o instrumento à volta da cintura e torná-lo portátil.

As Marching Bands estariam assim prontas para tocar por todo o lado, com a comodidade necessária.
Nessa mesma altura, por ter acabado guerra civil americana (1862-65), novas portas se abriam para a criação de novas sonoridades vindas especialmente do movimento libertação dos negros nos Estados Unidos e exaltação da herança africana musical. As Marching Bands passam a servir também outros propósitos. Em New Orleans nasce uma fusão da música espiritual negra (gospel) com a música de marcha (entre muitas outas fusões) que prontamente serviu para acompanhar serviços fúnebres, com uma entoação musical entre o macabro e o swing, mas uma fanfarra que caracterizava muito bem a consciência Afro-americana da morte. O sousafone começa a transcender a sua utilização inicial e a fazer a passagem para a sua final utilização nos dias de hoje: O Jazz.

Com a fusão interacial a musica norte americana começou a ganhar outros contornos. As influências dos emigrantes espanhóis e franceses, aliadas à já implantada musica negra criaram o Ragtime. E crioulos do New Orleans pegaram em instrumentos militares em más condições, juntaram-se e criaram o Jazz, usando o sousafone, o trombone, trompete e clarinete para expressar a voz humana do blues. Uma banda pioneira deste novo som foi por exemplo a King Oliver's Creole Jazz Band da qual fazia parte um muito jovem Louis Armstrong.

Só mais tarde, nos anos trinta, viriam estas bandas a ser ultrapassadas pelas bandas de Swing, grandes orquestras que tocavam não tanto para exprimir a voz negra americana mas para dançar. E aí finalmente brancos (Benny Goodman e Glenn Miller) e negros (Duke Ellington e Count Basie) dirigiriam orquestras em pé de igualdade. Mas isso será outra história, história em que, sem saber, John Phillip Sousa teve um papel importante.

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